11/04/1964
Carta aos meus 50 anos
Carta aos meus 50 anos
Esse encontro foi marcado há 50 anos e eu nunca tive certeza
se ele se realizaria. Não conseguia imaginar de que forma estaria, mas
aguardava a chegada desse dia, buscando viver, de forma possível, cada segundo
da vida.
Atenta às vozes do mundo, era comum escutar a conclusão: “Vou
fazer 50 anos, estou ficando velha!” Isso me fazia pensar como seria para mim... Muitas vezes as pessoas falam, “Eu não quero
envelhecer!” e isso ajudou na qualificação do meu encontro, pois quem não quer
envelhecer, abre mão de continuar a viver. Essa não era a minha intenção.
Sendo assim, estou aqui, pronta para os meus 50 anos, com as
cicatrizes que a vida me trouxe, mas, sobretudo, com a pele muito boa... me
propondo a dar continuidade à jornada, acrescentando temperos, dando sabor
ao meu desejado caminho de envelhecimento.
Estou aqui, de braços abertos e coração vibrante para
celebrar a data, com uma bela taça de espumante na mão. Descobri que fazer 50
anos é nada mais, nada menos, do que olhar na linha do tempo reconhecendo tudo
que fui capaz de transpor para garantir minha qualidade como pessoa e como
participante do mundo. Percebo minhas limitações e potencialidades e sei que
muito mais, tenho a fazer.
Agradeço a todos que participam e participaram desse
processo, sobretudo ao meu marido e às minhas filhas, que entre trancos e
barrancos, estiveram lá, junto comigo a cada dia, e hoje, para minha mais
profunda alegria, me acompanham brindando o encontro com os meus 50 anos que,
enfim, se realiza.
Trago no bolso um regulamento para a próxima temporada...
REGULAMENTO
Eu não juro nada
por coisa alguma,
pois que todo caminho é de incerteza.
A ordem se desarruma,
a história se desajeita,
o arranjo troca de lado e vira a mesa.
Tampouco prometo.
Nesse jogo de regras e tratos,
rolam os dados,
mudam os fatos,
num ciclone célere, inclemente.
Só o que posso é me entregar completamente
a toda causa que eu me dedicar,
a cada tempo que eu puder viver,
a cada amor que me fizer amar.
Eu não juro nada
por coisa alguma,
pois que todo caminho é de incerteza.
A ordem se desarruma,
a história se desajeita,
o arranjo troca de lado e vira a mesa.
Tampouco prometo.
Nesse jogo de regras e tratos,
rolam os dados,
mudam os fatos,
num ciclone célere, inclemente.
Só o que posso é me entregar completamente
a toda causa que eu me dedicar,
a cada tempo que eu puder viver,
a cada amor que me fizer amar.
“Amor a céu aberto”,
Flora Figueiredo