Pergunta ao DivãNão sei mais o que fazer. Sei qual caminho é o melhor, tem dias que faço tudo certinho, alimentação,creme no corpo, coscientização. Mas tenho muitas crises de compulsão, como sem ter fome física, sem vontade e me reprovando. Não sei parar, chega a doer o estômago. Fico triste pois tem vezes que me amo e me cuido, mas procuro na comida um prazer, uma diversão, já que não faço nada em casa, minha vida social é só pela manhã na escola e o resto do dia fico no computador, lendo livro/revista ou TV. Percebo que me cobro constantemente. Me ajudem!! (D. R.)
Comida é um prazer, uma diversão
Resposta do DivãA comida pode sim, ser um prazer e uma diversão. Porém, somente quando esse prazer está relacionado com o desfrute do sabor daquilo que comemos. Desfrutar o sabor é direito humano. A comida foi feita para alimentar corpo e alma, isso inclui atender a fome e a vontade de comer. Por outro lado, não podemos excluir uma dura realidade, em que projetamos na comida a possibilidade de encontrar o prazer que nos falta fora dela. É doloroso reconhecer como uma única fonte de prazer, o ato de comer, principalmente porque essa diversão é momentânea e seguida por muita de culpa.
Esse é o maior sinal de que, na verdade, não há diversão, nem mesmo prazer. O que fazer então? Primeiro admita que não há prazer nessa atitude distorcida. A partir daí, é possível perceber que o problema não é a comida. É o que está por trás da comida. Afastando o foco de atenção que recai sobre o comportamento indesejado do comer exacerbado, vamos encontrando os reais fatores que nos levam ao sofrimento. Sofrimentos não identificados que precisam ser nomeados. Quais são eles? Só você pode saber. Pode ser dificuldade de se permitir ser feliz e se oferecer os prazeres da vida. Pode ser o conflito entre o certo e o errado que confunde nossas decisões, na medida em que, não sabemos se atendemos as demandas do mundo ou se atendemos nossas próprias demandas. Pode ser a dificuldade de lidar com a frustração. Pode ser o medo de enfrentar o novo e correr o risco de se machucar e se decepcionar. De qualquer forma é importante entender que por mais doloroso que seja a situação, nossa intenção é nos preservar, mesmo que seja de forma distorcida. Procure identificar os medos e se não for possível fazer isso sozinha não hesite em buscar ajuda. Os medos são superáveis e para além deles, existe vida que merece ser vivida.