Ninguém emagrece efetivamente sem reorganizar a vida e preparar-se para este evento. Emagrecer e ficar magro é uma condição que exige competência para lidar com a força imposta pela nova imagem corporal adquirida através do tratamento.
Martins – 1994

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Peso emocional


O que pesa mais, o corpo ou as emoções? 
Emagrecer é muito mais do que eliminar peso corporal. Não basta ter vontade. O emagrecimento está intrinsicamente ligado aos processos psíquicos e vivenciais. Todo desenvolvimento acontece nas relações, portanto, o corpo não pode ser excluído dessa grande dimensão da expressão humana. Nossas alegrias, tristezas e angústias constroem a nossa história e ajuda a definir o caminho oscilante do corpo que ganha e perde peso segundo nossas experiências relacionais.

Na maior parte das vezes, o foco de atenção permanece rígido em direção ao corpo concreto, exigindo sua mudança imediata apesar da constatação periódica do insucesso estratégico sobre o foco definido. Como resultado, recaímos sobre um caldo de ansiedade que nos torna reféns de uma exigência ilusória, onde o corpo assume o dever de ser magro, independentemente de suas emoções.

Quem já não ganhou ou perdeu peso emocional? Esse dado informativo, certamente percorre o currículo íntimo de cada um de nós. O corpo responde às emoções e oscila junto com elas. Sendo assim, é preciso identificar as razões que nos remete a esse quadro, pois do contrário, qualquer tentativa para perder peso, somente afasta o peso e não o elimina. A representação simbólica permanece dando notícias através do corpo e apelando, ao seu dono, o cuidado mais profundo a respeito do que realmente está pesado.
Lembrar que não somente as emoções ditas negativas são os vilões da distorção corporal. Lidar com todo um espectro emocional é exercício diário, pois demanda a capacidade de discernir e traduzir as emoções em forma de sentimentos passíveis de serem administrados. Quando não traduzidos, ou seja, quando não percebidos, identificados e nomeados, corre-se o risco de permanecerem no campo da vulnerabilidade, tornando-se presa fácil para a tão conhecida exacerbação alimentar.

Comemos por ansiedade, na medida em que nos fragilizamos perante emoções não identificadas, sejam elas positivas e/ou negativas. Essa fragilidade fala de uma inabilidade para traduzir a vivência da emoção em sentimento reconhecido. Para melhor entendimento, uma sensação de alegria ou de tristeza pode nos causar desconforto pela inabilidade perceptiva. Sentimos e não sabemos o que sentimos. Algo nos retira do lugar seguro e confortável promovendo uma alteração inconsciente, criando uma ansiedade intrínseca a fim de controlar a onda de emoção. Nesse momento, é importante observar o fluxo interno buscando nomeação adequada para a situação vivida. A partir daí, é possível enfrentar o sentimento, pois a emoção não tem forma, mas o sentimento oferece direção. Se feliz, podemos compartilhar a felicidade e assim distribuir a energia gerada de forma saudável e produtiva. Se triste, podemos também compartilhar com a intenção de dissolver a energia acumulada por conta de uma experiência desconfortável. Enfim, não importa se a emoção é boa ou ruim, o que vale é o destino que damos a ela. Na falta de uma direção, o canal para dissipar o acúmulo energético, acaba sendo pela conhecida via de conforto e alívio. Por pouco tempo, é lógico! Recorremos à comida na intenção de encontrar um ponto de equilíbrio entre a fragilidade do que vivemos e a inabilidade do que somos capazes de administrar.


Ganhar ou perder peso depende muito mais da nossa trajetória enquanto ser humano e de todo aprendizado sobre as experiências relacionais. Pensando assim, vale questionar: o que pesa mais, o corpo ou as emoções?

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