Ninguém emagrece efetivamente sem reorganizar a vida e preparar-se para este evento. Emagrecer e ficar magro é uma condição que exige competência para lidar com a força imposta pela nova imagem corporal adquirida através do tratamento.
Martins – 1994

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Linguagem corporal


Linguagem corporal
“Mais importante do que buscar um corpo ideal,
muitas vezes irreal, seria buscar um corpo que 
seja possível de manter, pois esse será real”

À medida que o verão se aproxima, o assunto é sempre o mesmo, emagrecer. A cada segundo surgem novos sucos, dietas e tratamentos prometendo o próximo milagre. Na minha adolescência de bailarina clássica, em busca de um peso ideal, naveguei por todas as linhas de alimentação: fui vegetariana, macrobiótica e natureba. Ainda que me mantivesse em forma, a luta contra a balança era diária, numa  carreira em que o corpo, além de expressar emoção, necessitava da performance e disciplina de uma atleta de elite. Coincidência ou não, o destino me levou à nutrição, e minha vivência precoce num mundo onde imagem e linguagem corporais eram tudo me fez reconhecer a cena atual, em que adolescentes só se sentem inscritos no seu tempo ao mostrar sua barriga perfeita nas mídias sociais.

Com o crescimento ambíguo da obesidade, da obsessão por um corpo perfeito e da indústria do emagrecimento, vejo pessoas cada vez mais confusas, seguindo dietas da moda em que tentam esquecer seus prazeres com a promessa de resultados miraculosos. No primeiro deslize, voltam aos velhos hábitos com toda voracidade que um desejo reprimido pode gerar. Alguns cortam o glúten e a lactose, mesmo que não sejam intolerantes, outros cortam o carboidrato ainda que ávidos da sua energia e do seu prazer. E assim seguem sem mudanças reais, mas em tentativas frustradas que perpetuam o comportamento contemporâneo do “tudo” ou “nada”.

O alimento tem um profundo sentido nas nossas vidas, presente em quase todas as alegrias e tristezas. Pode ser a cura, se soubermos utilizá-lo a nosso favor, ou um vício, se usado como muleta de nossas angústias existenciais, vício do qual não podemos nos abster, mas precisamos aprender a lidar.

Fui criada numa família na qual a refeição era um momento mágico. Cheiros e histórias ainda me trazem memórias preciosas, e isso fez com que eu adorasse até hoje tudo que envolve comida. Por acreditar no prazer que ela proporciona, na sua grande importância para o bem-estar, e ao mesmo tempo reconhecer as dificuldades do emagrecimento, valorizo cada vez mais o processo de reeducação alimentar. Aprender — ou melhor, reaprender a comer — significa reconhecer nossas fraquezas e negociar com elas, equilibrando o desejo e a privação. Felizmente ou infelizmente, o emagrecimento assim como qualquer mudança de estilo de vida não é objeto que podemos comprar na farmácia, e nem respostas imediatas numa tela, mas um processo interno a ser conquistado. É claro que as coisas não acontecem num passe de mágica, e precisam de comprometimento pessoal, mas nos tornam menos vulneráveis a promessas milagrosas.

Por outro lado, mais importante do que buscar um corpo ideal, na maioria das vezes irreal, seria buscar um corpo que seja possível de manter, pois esse será real. Aprender a comer e criar o hábito do exercício são essenciais, não precisam vir acompanhados de sofrimento e melhoram substancialmente a vida dos nossos dias. Mas a chave da história é aprender tudo isso para depois se desligar desse assunto e viver mais intensamente os significados humanos que nossa existência pode trazer. l
Bia Rique


Para que seja possível, a conquista do corpo real, aqui está a contribuição do EmagreSer Integral

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