Ninguém emagrece efetivamente sem reorganizar a vida e preparar-se para este evento. Emagrecer e ficar magro é uma condição que exige competência para lidar com a força imposta pela nova imagem corporal adquirida através do tratamento.
Martins – 1994

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Pensar Diferente

Entrevista para
Revista Zero

Por que tantas mulheres estão infelizes com seu corpo?
Porque existe um padrão de exigência inatingível que, além de pressionar a busca por um corpo ideal, cada vez mais, distancia a mulher do seu próprio senso humano capaz de viabilizar o direito de ser diferente. Vivemos uma super valorização da aparência, uma armadilha perigosa, pois corre-se o risco de tornar real, a ilusão de que o aparente diz tudo sobre o que somos. O aparente mostra apenas a superfície e manter o foco de atenção direcionado somente para este ponto, demonstra a possível dificuldade para lidar com a profundidade, ou seja, com os aspectos subjetivos.

O que influencia essa infelicidade? A mídia? Os hormônios? A busca de um novo amor? Qual é o maior fator?
Um pouco de tudo... Mas acima de tudo, a mulher,assim como todo ser humano, lida o tempo todo com a sutileza dos próprios sentimentos. Essa convocação é experimentada a partir da relação entre as forças internas (seu mundo subjetivo) e as forças externas (seu mundo relacional). Na maior parte das vezes, frente à insatisfação exacerbada com o corpo, o que encontramos é o desequilíbrio entre essas forças, que acaba priorizando as relações externas. Sendo assim, os valores, as decisões, os pensamentos, as conclusões, as orientações sociais passam a ocupar status de verdade absoluta. A mulher acaba criando uma relação de dependência afetiva, entregando ao outro, seja ele, o parceiro amoroso, autoridade social ou familiar; o direito de comando sobre suas próprias escolhas, aceitando as ditas verdades veiculadas de diferentes formas. Essa dinâmica fragiliza a mulher, e tem como efeito, uma baixa auto-estima e o seu respectivo esforço para atender a demanda do mundo, buscando aceitação e reconhecimento para amenizar seu sofrimento.

Qual a importância da imagem para mulher?
A importância é legítima, pois o feminino fala de estética, harmonia, beleza e toda sua disponibilidade para compartilhar. É a mulher que arruma as flores, que perfuma o leito de amor, é ela que, em geral, cuida da combinação decorativa dos alimentos. É a mulher que recepciona, motiva, impulsiona. É a mulher que altera sua própria imagem para gerar outro ser. Isso tudo é imagem, porém, carregada de consistência. Na medida em que perde a conexão com sua essência, deixa de refletir essa consistência. Fica apenas a superficialidade efêmera... e como tal, vulnerável a tudo que vem de fora.

Onde começou esse movimento desenfreado pela busca de um corpo esbelto, escultural e até exageros?
Mais importante do que observar o início desse movimento, é perceber os momentos e que ele ganha força ao longo da história. Sabemos que o sexo feminino vem travando verdadeiras batalhas para conquistar seu espaço no mundo e, a cada empreitada, enfrenta também, como opositor, um movimento contrário que, assustado com o potencial da mulher, busca de forma sutil, porém, avassaladora, desviar a atenção feminina rumo à sua verdadeira conquista ética – seu sentido de pertencimento. A busca do ideal do corpo, nesse contexto, apresenta-se como desvio provocado e ao mesmo tempo autorizado. O lugar que a mulher ocupa e que busca ocupar permanece sempre em questão e, a cada aproximação de uma conquista maior, exercita-se, também, o fluir do desvio em busca do esfriamento da batalha.

A gordura existente em um corpo pode influenciar na forma como as pessoas se relacionam? Ou até mesmo nos sentimentos que as pessoas possuem?
Gordura é material armazenado no corpo e tem como função, transformar-se em energia na medida da necessidade. Considerando energia enquanto força vital, é natural que a gordura influencie tanto nos sentimentos quanto nas relações. Acumular excesso de gordura pode significar contenção de energia vital pela inadequação da sua utilização, ou seja, guarda-se vida esperando o motivo para vivê-la. Nesse caso, o corpo pesa e paralisa.

A mudança no corpo (física) pode modificar internamente (psicológico) uma mulher? Por quê? Como não se perder nessa mudança?
Nesse caso é importante ressaltar a existência de dois corpos, o físico e o emocional. Em geral, atende-se a uma demanda corporal, buscando soluções superficiais, capazes de mudar a forma do corpo concreto. Apesar de superficial, essa solução pode render um excelente resultado, desde que não seja negligenciado os cuidados do corpo emocional. A dimensão psicológica ancora o eixo de comando do ser humano, pois do contrário, bastaria o conhecimento racional dos comportamentos adequados, para se obter o equilíbrio desejado. Sabemos o que é adequado, porém, sob distorção psicológica, esse conhecimento não encontra caminho para a concretização. Quando a mudança do corpo físico modifica o psicológico, em geral, ela só termina uma tarefa que já havia sido iniciada, pois somente o corpo psicológico da conta das alterações e maturações psíquicas. Portanto, a direção da mudança será sempre de dentro para fora.

Dietas, exercícios, cirurgias, tratamentos podem ajudar na hora de uma mulher se sentir mais bonita? É ação de mudar ou a mudança que modifica a mulher? Pois há muitas que fazem tudo isso e continuam tristes?

Aguarde divulgação da entrevista na íntegra.
Em breve, nas bancas

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