A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drumond em "Corpo" - Editora Record/RJ - 2002
Que tal optar pela integração ao invés da exclusão?
Talvez a verdadeira beleza esteja no acolhimento das nossas, sempre, meias verdades...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é muito bem vindo!
Participe ativamente e contribua para uma vida mais leve, mais livre e mais feliz!
Abraços carinhosos