Lado a
lado
Tem alguma coisa
estranha acontecendo aqui dentro. A primeira explicação vem fácil: TPM.
Certamente essas três letrinhas têm grande influência nesta inquietação, mas
sinto que existe algo mais. Vamos à
análise dos fatos.
Primeiro: meu pai
ligou e disse que vem nos visitar no final de semana. É uma ótima notícia,
então, qual é o problema? Penso daqui, reflito dali. Já sei: junto com o papai
chegará uma mala – isso mesmo! – cheia de quitutes que amo, carinhosamente
preparados pela mamãe! Isso também não é uma ótima notícia?! Seria, se eu não
estivesse fazendo restrição de leite de vaca e de glúten. Trocando em miúdos:
não vou poder comer nada e ainda vou ter de explicar a situação a meu pai.
Chato, mas ainda não é o xis da questão.
Segundo:
terça-feira fui à terapia e, como de costume, o psicólogo puxou a balança e
disse “vamos lá”?! Subi, esperei o visor mostrar os números mágicos – aqueles
que fazem a gente ir do céu ao inferno, ou vice-versa, em uma fração de
segundos! 90 quilos! Não acreditei! Ah, vai, TPM, retenção... Sim, tecnicamente
eu sei disso, mas emocionalmente não aceito. E os 88,4 kg de hoje cedo, aqueles
que vi na balança de casa, às 5h45 da manhã, em jejum, pós-xixi matinal,
vestindo só calcinha? Óbvio, com variáveis diferentes, o peso não poderia ser o
mesmo, mas a gente não se lembra disso quando está em cima da dita cuja. Moral
da estória: frustração... hummm, muito, muito chato, mas ainda não é
isso.
Terceiro: a colega
do trabalho também está de dieta, fazendo musculação, e direto vem me contar os
seus progressos. Fico feliz por ela, porém algo me incomoda. O que será? Começo
a ligar os fatos...
Quarto: fui ao
cinema, filme divertido! Era para ser tudo ótimo, só que não foi. Por quê? Tudo
por causa de uma pipoca caramelada (tamanho M) e de uma guloseima de amendoim
com cobertura de chocolate ao leite (tamanho P no pacote e EXG na culpa!). Que
raiva! As coisas estão ficando ainda mais
claras...
Quinto: sábado é dia de aula de
meditação, já estou prevendo, a partir de experiências anteriores, que a
professora irá avaliar o sucesso da técnica com base no meu peso: emagreci,
estou praticando, engordei estou relaxada. Que estresse!
Para finalizar:
lembro que 1) não estou indo à academia, embora seja uma recomendação do
fisioterapeuta; 2) tenho aula de culinária e, com certeza, as receitas terão
glúten e leite de vaca, ou seja, vou sair da dieta; 3) amanhã é dia de
Vigilantes do Peso, portanto balança à vista.
Bingo! Junta
daqui, dali. Aí está a fonte de toda essa angústia! Mesmo quando eu tento fugir,
o emagrecimento, esse tema “de peso”, me persegue! Em vez de curtir a alegria de
passar um final de semana com meu pai, penso que a dieta vai por água abaixo;
frequento as sessões de terapia para me sentir melhor, mas saio chateada por
causa da p*%&#ra do peso; suponho que vou esquecer da gordura no trabalho,
mas a colega vem me lembrar que é preciso estar ligada, o tempo todo; tento uma
ida ao cinema para relaxar, e sou engolida pela pipoca; busco a meditação para
ter leveza na alma, mas saio pressionada pela expectativa de resultados
práticos, visíveis a olho nu.
Como não se
angustiar com tudo isso? Praticamente impossível. Preciso parar e rever algumas
– muitas! – coisas. É hora de curtir a visita do papai, com ou sem biscoitinhos
mineiros; o cinema, idem!
Quanto à terapia, está decidido: não quero mais subir naquela
balança. Simples assim! Eu já me peso na segunda-feira em casa, não é?! Então,
na terça, levarei o peso anotadinho para o psicólogo. E se ele achar que estou
mentindo? Garota, fala sério, você já tem 33
anos!
Na meditação,
também terei de abrir o jogo: eu compreendo a preocupação da professora, só que
eu quero aproveitar aquela horinha para alimentar o meu espírito! Para focar no
cuidado com o corpo, eu tenho outros momentos.
Academia? Não
abandonei, estou apenas fazendo uma pausa, mês que vem, volto com tudo, menos as
dores que terão melhorado com o repouso forçado! Aula de culinária? Qual o
problema de provar uma comidinha aqui outra ali, com leite e com glúten? Eu não
prometi ficar o resto da vida sem chegar perto desses alimentos. Estou somente
fazendo uma restrição temporária, por 30 dias, e não preciso ser 100%: se eu
conseguir fazer 90% do que me propus, estará ótimo, na verdade, excelente! Vou
aproveitar a aula para aprender a fazer refeições gostosas e leves, que serão
sempre úteis.
Vigilantes do
peso? Eu vou! Não dá para deixar de assistir às divertidas palestras
motivacionais. Ter de subir na balança é como se fosse a parte burocrática do
show: aquela hora em que somos revistadas pelos seguranças para ver se portamos
algo “proibido” (do tipo umas gordurinhas a mais!). Depois, é só relaxar e
aproveitar!
E a colega do
trabalho? Vou tentar mudar o foco, pensar não no incômodo que o assunto me
causa, e sim na oportunidade de dizer algo útil, como: o resultado da balança é
um indicador importante, só não se esqueça de que ele não é o único. Por
exemplo, veja se está mais disposta, avalie se está mais feliz! Para quem estou
falando mesmo? Eita, está na hora de dizer isso para mim!
Autoria de V. Bernardes, uma cliente do S.E.I. - Sistema EmagreSer Integral
Adorei a conclusão do texto: "o resultado da balança é um indicador importante, só não se esqueça de que ele não é o único. Por exemplo, veja se está mais disposta, avalie se está mais feliz!" Numa sociedade obcecada pela beleza e pela boa forma como a nossa, muitas vezes outros valores e "pesos" importantes são esquecidos e "engolidos" por aqueles que nos são impostos pela mídia e pela cultura vigente.
ResponderExcluirIsso mesmo, Dulce! A pressão para valorizar a imagem em detrimento da experiência vivida é muito forte em nossa sociedade e nos convoca a uma atenção plena, capaz de defender o direito de Ser quem se É... apenas isso...
ResponderExcluirAbraços carinhosos